domingo, 30 de junho de 2013

Pai(í)s da Revolução

Por Gil Veloso
Hoje é dia sem manifestação.
Não gritamos, não suei o rosto,
nem dei as mãos.
Houve um sorriso, sim houve.
Fiquei sorrindo, pensando:
muita gente, tanto gosto, até desgosto.
Mas quanta animação.
Quanta esperança expressada no rosto.
Juventude do povo.
Pai(í)s da Revolução

1º Encontro de Poetas e Poetisas Marginais de Altamira


sexta-feira, 28 de junho de 2013

Por que Companheiro???

Por Moisés Costa Ribeiro

Por que tanta dor no rosto do menino?
Por que tanta desesperança no rosto da menina?
Por que tanta injustiça nos ferem a alma companheiro?!

Por que tantas cercas nos roubam o direito à terra e à liberdade?
Por que tanta fome, quando há tanto alimento?
Por que tanto sangue derramado quando se busca a justiça?
Por que companheiro?!

Por que tanta ganância quando o que há é suficiente para todos?
Por que tanto desrespeito com o direito mais elementar da vida?
Por que falta dignidade e sobra tanta corrupção?
Por que não se educa nosso povo com a educação que liberta?
Por que companheiro?!

Por que a vida perde o sentido diante do valor do dinheiro?
Por que não se globaliza a solidariedade, o companheirismo e a justiça?
Por que não se valoriza o ser em troca do ter?
Por que não se planta para alimentar nosso povo?
Por que não se cultiva a ternura, a rebeldia e a indignação?
Por que companheiro?!

Então porque lutamos companheiro?
Por que abrimos trilhas na noite escura da morte?
Por que pisamos o chão da história e deixamos nossos rastros?
Por que rompemos as cercas – que são malditas – e plantamos a semente da esperança?

É porque somos irmãos e irmãs, somos camaradas, somos solidários, somos lutadores e lutadoras e porque seremos sempre companheiros e companheiras.

O que é Poesia Marginal

Por Moisés Costa Ribeiro
A poesia marginal surgiu nos anos 70, em plena ditadura militar, inspirada por um novo jeito de se expressar e fazer poesia. Era marcada pelo artesanal, por poetas que queriam se expressar livremente, buscando caminhos alternativos para distribuir poesia e revelar novas vozes poéticas.

Os poetas mais marcantes desta época foram Ana Cristina César, Paulo Leminski, Ricardo Carvalho Duarte (Chacal), Francisco Alvim e Cacaso. As poesias eram distribuídas em livretos artesanais mimeografados e grampeados, ou simplesmente dobrados.
Poetas, universitários e cabeludos eram caras que imprimiam no álcool do mimeógrafo as suas poesias originais. Foram poemas instigantes, carregados de coloquialidade e objetividade.
É importante enfatizar que não foi um movimento poético de características padronizadas, foi um momento de libertação dos termos e expressão livre num momento de repressão política nos fins da década de 60. A poesia foi levada para as ruas, praças e bares como alternativa de publicação, alternativa que estivesse longe do alvo da censura. Tudo era considerado suporte para a expressão e impressão das poesias, fosse um folheto, uma camiseta, xerox, apresentações em calçadas, etc.
Trecho de um poema sem título de Paulo Leminski:
“Eu hoje, acordei mais cedo
e, azul, tive uma idéia clara
só existe um segredo
tudo está na cara.”
Hoje temos outros grandes nomes da poesia marginal como Férrez, Sérgio Vaz e tantos outros...
Trecho de um poema de Sérgio Vaz:
PAZ NA PERIFERIA
“Se homicídio fosse esporte olímpico, São Paulo ganharia medalha de ouro. Mas como não é, ficamos nós com as medalhas de sangue e de lágrimas. E pra mim, nenhuma vida vale mais do que a outra, porque quem morre, deixa mais do que saudade, deixa família, filhos, lembranças... O homicídio é um crime extremamente deselegante”.

A poesia marginal é acima de tudo uma poesia política, questionadora que faz o povo pensar, se entender como agente de sua própria história. Não se enquadra em normas e estilos literários, é livre e, portanto é do povo e para o povo.
Trecho de um poema chamado “Pra que serve a poesia?” de Moisés Ribeiro:
“Pra que serve a poesia?
Se não pra me fazer pensar
Poesia pra pensar, pra viver, pra questionar
Poesia pra ser, pra existir, pra incomodar
Poesia pra fugir e libertar
Poesia pra cantar a liberdade
Pra dizer a verdade nua e crua
Na rua, nos viadutos, nas praças e escolas
Nos vãos de liberdade
Que se liberta em cada esquina”.

1º Encontro de Poetas e Poetisas Marginais do Xingu

O Coletivo Poesias Marginais do Xingu, convida todos e todas pra participarem do 1º Encontro de Poetas e Poetisas Marginais de Altamira.
O evento é um evento aberto para as pessoas que escrevem poesias e não tem um espaço pra mostrar seus textos expor ao público. Ou para aquelas que simplesmente gostam de uma boa poesia e arte livre.
Será um sarau construído por pessoas comuns que escrevem poesias sobre a realidade do povo.
O Encontro acontecerá no dia 05/07/13 (sexta-feira), na Rua 1, Bairro de Brasília, em frente a Escola Municipal José de Alencar.

Venha! Traga sua poesia, ou simplesmente a vontade de senti-la no ar!!!